Faz um bocado de tempo mesmo que não escrevo. Muito disso é porque minha vida virou de cabeça para baixo nas últimas semanas – ou meses. Entre períodos de procrastinação e desgraçamento mental, troquei de emprego e voltei para o antigo, onde vou duas vezes por semana ocupar um espaço físico e rever as pessoas. O uso de máscara deixou de ser obrigatório e podemos ver sorrisos de novo, ainda que meu corpo entre em paranoia às vezes pensando que posso pegar o vírus do c*** de novo. A melhor parte é rever meus amigos, estar próxima deles de novo. E é isso.
Porém, sinto cada vez mais saudade de escrever e de quando a minha vida se resumia ao blog – tempos mais simples – e, se lá eu já me comparava com os outros, o uso excessivo de redes sociais me fez entrar num estado pior: o de consumir a vida alheia e esquecer da minha, do meu corpo, da minha mente, dos meus pensamentos. Quando voltei a pegar metrô todos os dias fiquei me perguntando que loucura que era quando não tinha celular, o que eu fazia mesmo no metrô sem celular… Ah é, eu dormia. Lia. Imaginava a história das pessoas. Até tinha meus amores breves de metrô. Agora eu fico ansiosa porque pode ser que eu fique sem sinal embaixo da terra.
Minha nutri e minha terapeuta, que não são a mesma pessoa, me recomendaram diminuir o tempo no celular e falei bem obediente “vou sim” e desde então venho apresentando sintomas de abstinência que só senti quando parei de fumar há 6 anos. Igualzinho, juro: irritabilidade, compulsão alimentar, raiva, ódio, vontade de bater em alguém. E eu nem larguei o celular e fico rindo de nervoso no quanto a minha dependência é praticamente física. Uma bosta de um celular na bosta da internet.
E aí que preciso fazer isso, com ou sem abstinência. Se eu parei de fumar – e eu adorava fumar – eu consigo parar com qualquer outra coisa. Eu também adoro a internet, redes sociais, etc etc., mas eu preciso retomar a minha vida sem parecer que seja tudo um filme em terceira pessoa, uma cópia latina e menos interessante da fleabag.
Aí que preciso mesmo me voltar pra alguma coisa mais produtiva, ainda que absolutamente ninguém leia meus textos – eu me esforço pra isso, na verdade – e que as coisas voltem ao meu controle, que meus pensamentos voltem a criar. Acho que a última vez foi ali em 2019, num lapso no meio da terapia, mas eu gostaria de voltar não para aquele ponto, mas pra outros em que eu colocava tudo pra fora em textos e mais textos viscerais, bobinhos e caóticos, não nessa ordem.
Tentar me desprender da internet, que já foi meu ganha pão, tem sido uma jornada e tanto, e eu percebi que tem outras coisas que precisam mudar pra minha cabeça ir pra um lugar bom de novo. Torçam por mim.
Photo by Joël de Vriend on Unsplash
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