Ontem fui na academia. Um ano e sete meses de pandemia depois, eu pisei no tatame para uma aula de kickboxing. Não foi onde eu fazia e descobri o esporte porque saí daquele bairro, é um novo local e com aquele sentimento de saudade do “núcleo” que eu tinha na outra academia, porque lutar tem disso, você faz amigos e eles meio que vão virar aquele novo arco narrativo da sua história.
Cheguei cedo, tirei o tênis, peguei as bandagens, enrolei bem. O pulso esquerdo, meio lesionado – aberto ou tendinite, ainda não sei – reclama por dois segundos e se acomoda. Aquecimento com corda e eu me embanano um pouco em alguns pulos, mas consigo ir com os dois pés juntos. “Acelera” e abro um pouco mais os braços, os ombros mandando sinais para que o pulso gire a corda mais rápido, foco num ponto logo na minha frente já que sem os óculos eu não enxergo e perco o equilíbrio, a cabeça concentra instantaneamente no “pá pá pá pá pá” da corda batendo.
Aquecimento, abdominais, soco, chute, arrumar a postura. Sinto minhas costas enferrujadas, como se tivesse uma crosta em cada vértebra, e meus pés completamente duros. Aos poucos, senti os nós desamarrados e como se cada soco no saco de boxe arrancasse um problema do meu peito: ansiedade, depressão, tristeza, raiva, orgulho, medo e todos aqueles sentimentos que viraram tanques de guerra no meu coração durante a pandemia. Eu não os derrotei, mas agora tudo isso parece pequeno demais, ainda que esse pequeno retorno ao “normal” tenha me deixado em completo estado de pânico durante a noite. Tinha máscara, álcool em gel, janelões e um vento gelado nas costas, distância e tudo o mais para prevenir disseminação do vírus, porém é assustador e ainda não sei se consigo lidar com isso, vamos ver.
A verdade é que me senti eu de novo, me senti livre. Foi demais.
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Quando comecei o curso de planejamento e estratégia, decidir me dedicar e estudar. Com isso, montei uma bibliografia e comprei um bocado de livros. Li o total de 20 páginas de um deles.
Eu odeio livro técnico, detesto, me dá sono. Mas me deram algumas dicas para ler esse tipo de livro e vou compartilhar por aqui:
- Não tenha medo de anotar. O livro não vai ficar triste se você grifar, colar post it e afins. Desapega. É só papel.
- O livro também é consulta. Depois de ler, use dessa maneira.
- Não precisa ser tudo de uma vez, dá para ler em paralelo com livros de literatura. Mas, assim como tudo na vida, requer constância. 15 minutos por dia. 10 num dia mais atarefado. Importante é todo dia um pouco.
- Esse tanto de material de papelaria pode e deve ser usado. Marca texto, post it, marca páginas, se joga.
- É chato, então não vai ler antes de dormir, senão você dorme.
O primeiro que vou fazer isso é o TED Talks, do Chris Anderson, que fala muito do storytelling das apresentações do TED, inclusive com a estruturação delas. Como no futuro eu pretendo ser uma grande apresentadora (mentira), acho que pode ser uma boa para melhorar minha capacidade narrativa e de amarração de histórias.
De qualquer maneira, eu preciso me dedicar e estudar mais, mesmo. É um bom momento para isso, com o final do curso também, porque terei um pouco mais de tempo. Por outro lado, voltar para a academia toma bastante desse ganho de horas, afinal entre locomoção e aula se vão quase duas horas. Mas vou encaixar e fazer dar certo.
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Levei pra terapia esse lance de fazer as coisas, de quanto eu procrastino e deixo pro último minuto, de como eu me dei conta de que meio sempre fui assim, mas lembro claramente que as coisas foram infinitamente mais fáceis e prazerosas quando eu me programava e fazia as coisas com antecedência, com planejamento… E, bom, é isso o que eu faço da vida, afinal, né?
Decidi que além de me organizar (falei disso no último post), preciso começar a me programar – coisas simples, como deixar a roupa do dia seguinte separada a noite e respeitar meus horários, voltar ao pomodoro e retirar distrações em momento de foco. Eu sei fazer a coisa, só preciso pegar e fazer e não procrastinar. Só isso. Só que não é fácil, né?
A parte boa de fazer terapia é justamente isso, eu vou lá entender porque não é fácil, porque já foi e não é mais.
Façam terapia.
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Esse texto ficou, no geral, meio sem pé nem cabeça e com assuntos misturados. Sem conclusão e sem ponto final. Um horror narrativo. Mas esse é um blog pessoal e sem pretensões, se quiser terminar os posts com uma frase pela metade eu posso.
E que libertadora essa constatação. Eu tô muito das liberdades hoje. Adorei.
Photo by Milo Bunnik on Unsplash
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