Ontem tentaram clonar meu cartão. Um saco, porque agora preciso trocar o número pro novo cartão, que só chega em novembro, em todos os serviços que uso. Além disso, não tenho acesso ao meu dinheiro, QUE DELÍCIA.
Ontem também precisei chorar e lembrei de quanto tempo faz que estou mal. Foi ali em julho de 2019 que as coisas degringolaram e eu passei a trabalhar mais do que eu gostaria ou deveria. Dois anos e batatas depois, eu finalmente estou BEM. No sentido de que eu não surtei novamente, que estou estável emocional, financeira e fisicamente. Bem o suficiente para voltar para a academia (aulas particulares, ainda estamos em uma pandemia), para começar a planejar realmente uma viagem e para me reconectar com coisas que eu gosto, como escrever, ouvir música, ler e dormir bem.
Ok, eu sigo sem dormir lá muito bem, mas já foi bem pior. Hoje eu gosto da vida que eu tenho e me sinto bem com muito do que eu faço – crochê, cozinhar comidas gostosas, jogar Teamfight Tatics, jogos de tabuleiro e videogame com o meu marido, ler livros de gosto duvidoso e ver realities que são mais duvidosos ainda. Ainda falta me reconectar com a música e com pessoas no geral, ver meus amigos, abraçar pessoas que amo.
Minha melhor amiga está nos EUA e eu sinto falta dela todo santo dia. Quando acontece alguma coisa boa é pra ela que eu conto e quando acontece algo ruim também é pra ela que eu corro. A gente tinha combinado de se visitar, mas eu ainda não tenho o visto para lá e estamos na esperança de ela vir para cá em algum momento, mas não se sabe exatamente quando. Eu sinto falta de quando a gente ia fazer unha e comprar roupa, de passear e dar risada juntas, de ir nos restaurantes que a gente sempre curtiu, de falar mal de homem (sempre) e de guardar tudo isso em memórias de fotos que jamais serão publicadas. Uma vez a gente pegou um quarto de hotel e se fechou um fim de semana inteiro lá fazendo skin care, comendo guloseimas e vendo filme água com açúcar. É disso que eu sinto falta, a cumplicidade de poder fazer absolutamente nada com minha melhor amiga, só porque sim…
Também pensei muito na minha mãe nos últimos tempos e acho que tenho sonhado com ela. Possivelmente é a proximidade do aniversário dela, em 11/11, e o fato de encarar que já faz 14 anos que ela morreu. Em 6 anos já vai fazer mais tempo que eu vivi sem minha mãe do que com ela. São números que me deixam triste e um pouco apavorada. Quanta vida eu já passei e quanto tempo eu já deixei escorregar pelas minhas mãos.
Sou teimosa demais para desistir das viagens que eu quero fazer, do mundo que eu quero curtir e da vida pra viver. Eu sempre penso nisso quando fico apática e questionando meu papel no mundo. Oras, o meu papel é, como de todas as outras pessoas, viver, comer, cagar, procriar e morrer. Nem todas as pessoas são infinitas. Mas eu queria que minha mãe fosse. Venho pensando seriamente em pegar as histórias dela – e outras histórias de família – e juntar para formatar um livro dela, com o nome dela. Uma publicação póstuma da minha mãe para viver para sempre digitalmente em kindles por aí. Um jeito de torná-la, a grosso modo, eterna, como ela merece ser.
Acho que está bom de sentimentos por hoje. Amanhã é dia de terapia e eu preciso guardar alguns para a mocinha analisar. Mas é bom ter um projeto, colocar as coisas pra fora e escrever. Quem diria… Eu fazendo desafio de 30 dias em um blog que ninguém lê e entendendo essa escrita criativa como terapia. Quem diria…
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Clayci Oliveira
Terapia faz toda a diferença, né?
Hoje posso dizer o mesmo: estou bem! Mas é um processo diário <3